23/05/2023

Entrevista Etevaldo Nônico da Silva

 

Etevaldo Nônico da Silva (*)

O entrevistado deste mês de maio, diga-se de passagem, mês do seu aniversário, nasceu na cidade de Caetité, situada na região sudoeste do estado da Bahia. Cidade de clima agradável e povo hospitaleiro, também berço de figuras ilustres no cenário nacional, tais como: Anísio Teixeira, César Zama, Paulo Souto, Waldick Soriano, entre tantos outros. Cursou o ginasial no Instituto de Educação Anísio Teixeira (IEAT); ensino médio, no Colégio Central da Bahia; superior na Faculdade de Ciências Econômicas do Estado da Bahia (FCEUBA). Fez ainda pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior, na Universidade Católica de Salvador (UCSAL), pré-requisito para que pudesse ensinar no curso de Letras na sua terra natal. Possui também pós-graduação em Auditoria Fiscal Contábil, curso patrocinado pela Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia, junto à Faculdade de Administração da Universidade Federal da Bahia (UFBA).     

IAF: Fale um pouco sobre sua vida profissional antes da Sefaz

ETEVALDO: Primeiro emprego, em 1974, como economista contratado do Departamento de Geografia e Estatística (DGE), órgão subordinado à Secretaria do Planejamento. Pouco tempo depois, ainda na SEPLANTEC, fui deslocado para prestar serviço no Centro Regional Integrado (CERIN), na mesma cidade de Caetité. A ideia de Roberto Santos, naquela oportunidade, como governador do estado da Bahia, era criar polos de desenvolvimento regional, que dispusessem de assessoria técnica, administrativa, contábil, assim como, de planejamento e organização, em todas as microrregiões do estado, funcionando assim como mini governadorias. Desse modo, pela proximidade com o cidadão, facilitaria a tarefa da governabilidade, realização de obras, e atenderia, mais de perto as demandas municipais, que não eram poucas. Nesse sentido, junto a outros profissionais, ali foram desenvolvidos projetos de construção civil de escolas, praças, matadouro, mercado municipal etc.

Na longa estiagem do ano de 1976, o governo decretou estado de calamidade, e para prestar ajuda financeira aos despossuídos, além de distribuir cestas básicas, criou diversas frentes de serviço. A título de esclarecimento, cada uma constando de trinta a cinquenta trabalhadores, que consistia em realizar obras (construção de estradas vicinais, aguadas, barragem, pontes, calçamento de ruas), empregando mão-de-obra temporária. Encarregado de fazer a distribuição de alimentos, fiscalizar o serviço, com a ajuda dos feitores, e efetuar os pagamentos semanais, este último, era uma atividade bastante dificultosa, capaz de provocar muita dor de cabeça. Primeiro, apurar se houve faltosos, e caso houvesse, fazia-se logo o desconto em folha; Segundo passo, buscar os recursos nas agências bancárias, e quando não se conseguia notas fracionadas, apelava-se para o comércio, e muitas vezes o puteiro, para conseguir o suprimento, vez que o pagamento era individualizado, nome por nome, e com as cédulas previamente arrumadas para cada operário; Por último, a equipe deslocava-se até o local da obra, em companhia de funcionário do banco e proteção policial, para fazer o pagamento do pessoal. Tempos difíceis!!!!

Durante a permanência na cidade de Caetité, ocupei funções comunitárias tais como: Presidente do Baraúna Tênis Clube, por dois biênios consecutivos: 1975/77 e 1977/79; também fui conselheiro fiscal da Fundação Hospitalar Senhora Santana, e membro fundador e idealizador da Cooperativa Educacional de Caetité (COOPEC), entidade de utilidade pública dedicada a proporcionar os ensinos fundamental e médio aos filhos de seus associados.

Mais adiante, em 1979, passei em concurso do Ministério da Fazenda, sendo designado para trabalhar na Superintendência Nacional de Abastecimento (SUNAB), onde fiquei até o ano de 1981, quando ingressei na SEFAZ, através do concurso de Fiscal de Rendas.

Na SUNAB exerci a função de chefe do Setor de Pesquisas de Mercado (SEPEM). órgão que regulava o tabelamento de preço dos gêneros alimentícios em todo o estado, vez que a economia passava por um período de hiperinflação, e o controle de preços era uma das principais medidas do Plano Cruzado, na tentativa de conter a inflação crônica que assolava o país.

IAF: Agora fale um pouco sobre seu ingresso na SEFAZ

ETEVALDO: No cargo de Fiscal de Rendas, fui vinculado à Inspetoria de Brotas, onde trabalhei, sem maiores problemas, em fiscalização volante, nas cercanias da região metropolitana de Salvador. Pouco tempo depois, logrei aprovação no segundo concurso de Auditor Fiscal, realizado pelo governo do estado. Embora podendo escolher Salvador, para exercer atividades de fiscalização, aceitei convite para trabalhar na antiga Delegacia Regional da Fazenda em Guanambi, cidade vizinha (40 km) de minha terra natal. Por ser uma região ainda em formação, portanto carente de recursos, principalmente humanos, Guanambi serviu de aprendizado para que ali desenvolvesse as mais diversas funções fiscais.

Trabalhei em fiscalização volante, plantões no posto fiscal de Urandi, operações especiais, safra, malha fiscal, auditoria de comércio e de indústrias algodoeiras. Enfim, foram 35 (trinta e cinco) anos servindo ao fisco com muito afinco e dedicação. Confesso que apesar da atividade espinhosa, de constante embate de ideias, com contribuintes e empresas, não fiz desafetos, muito pelo contrário, construí boas amizades que se mantém até os dias atuais. Finalmente, em dezessete de fevereiro de 2016, após quarenta e dois anos de serviço público, fui aposentado de uma forma pitoresca, vez que estava em pleno gozo de licença prêmio. Ressalte-se que ainda poderia ficar até a compulsória, todavia preferi antecipar minha retirada, vez que tinha novos projetos de vida. E assim, dessa forma, fechou-se o último ciclo de minha vida funcional.

IAF: Como foi a adaptação à nova realidade?

ETEVALDO: Antes de pendurar as chuteiras, já havia esboçado um plano B para enfrentar o novo tempo. Inicialmente, fundei a empresa Consultoria Tributária do ICMS (COT), para orientar os contribuintes sobre a correta interpretação e aplicação da legislação tributária, bem como, assessoria na área administrativa, em defesa de autuações fiscais. Paralelamente assumi trabalho voluntário, como controlador, na empresa de contabilidade pública Consultoria e Assessoria Contábil (ORPAM), em que sua consorte é sócia. Em tempo: A empresa COT não foi bem-sucedida.

Aproveitando um terreno que recebi como herança, e com recursos próprios, construí um prédio de seis apartamentos que, além de servir como reforço do caixa, ainda contribui para absorver grande demanda de tempo, haja vista que cuido de toda parte administrativa, gerenciamento e manutenção da obra.

O resto do tempo livre, dispendo com prática de esporte (futsal, duas vezes por semana, com grupo de amigos), academia com box idem e caminhada); música (canto doméstico e tecladista amador); literatura (gosto de ler, e atualmente escrevo o segundo volume do livro de humor, sobre figuras da minha terra - histórias que o povo conta); administro a casa, inclusive finanças da mãe, viúva de 95 anos, que mora com a cuidadora); faço revezamento, quase mensal, de viagens entre salvador e Brasília, onde reside dois dos meus três filhos, sem esquecer que também costumo fazer, anualmente, viagem ao exterior, por ocasião do aniversário do casal, nos dias dois e quatro de maio, respectivamente.

Enfim, boa parte do tempo ainda é gasta em cuidar do primeiro neto, Enrico, que não é nada fácil, além de assistir TV (jornalismo, jogos de futebol, séries e filmes variados), e de cumprir a agenda social. Resumo: mantenho-me constantemente em atividade, buscando o envelhecimento saudável, com qualidade de vida.

(*) Auditor Fiscal Aposentado da Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia

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