O grande susto
Sílvio Leone (*)
Estamos no ano de 1997, precisamente no dia 28 de março, uma sexta-feira da paixão. Nosso amigo, Osvaldo Ribeiro, o Ribeirinho para os colegas, chega à Rua Aloísio Resende no centro da cidade de Feira de Santana, dirigindo o seu carro Passat, vindo de mais um plantão realizado na DFMT, no Posto Fiscal Fernando Presídio, perto da cidade de Juazeiro. Nesses plantões estavam o Auditor Fiscal Antônio Tinoco e os Agentes de Tributos: Ele e os colegas Ivan Cruz e Robson em escala de 5 por 10. Robson e Ivan residiam em outros estados.
Naquela época as arrecadações eram feitas pelos Agentes de Tributos, nos Postos Fiscais e depois dos plantões eram depositadas em um Banco credenciado e em seguida era feito um BPC (Boletim de Prestação de Conta). A arrecadação foi excelente, tendo sido arrecadado pela equipe, aproximadamente, R$ 250.000,00 reais, o qual corrigido até a data de 30/09/2024, pelo IGPM, chega ao montante de R$2.063.231,88 (dois milhões, sessenta e três mil e oitenta e oito centavos). UFA!...
Como os plantões foram encerrados em um feriado, Ribeirinho, nosso protagonista, fora incumbido, pelos colegas, a realizar os depósitos das arrecadações deles, na segunda-feira, em Salvador, como também, registrar os autos do Auditor Fiscal, Antônio Tinoco, na sede da DFMT, que era localizada em Salvador, no Bairro do Imbuí, haja vista, que os colegas partiram para suas respectivas cidades.
Tudo acertado, Osvaldo, torcedor ferrenho do esquadrão de aço, “um bora Bahia, minha porra”! Abasteceu seu carro, o carregou com as mais deliciosas frutas frescas produzidas no maior polo da fruticultura brasileira, como: uva, manga, goiaba, mamão e outras frutas.
Carro arrumado, nosso dileto colega, parte em direção a Princesa do Sertão, enfrentando os 391,4 Km que separam as duas cidades, chegando ao seu destino às 11:00 horas daquele mesmo dia.
Ribeiro, nosso Agente de Tributos, possuía uma pasta 007, igual à do Agente secreto britânico, 007, James Bond, na qual colocou o dinheiro apurado nos plantões e os autos de infrações para registro na repartição fazendária.
Parou o carro em frente à casa de sua sogra, seu destino final, onde a família de sua sogra o estava esperando para o grande almoço da sexta-feira Santa, regado a caruru, vatapá, bacalhau, peixe e outras iguarias feitas nesse dia Santo
Muito cansado pelos plantões realizados e pela exaustiva viagem, ele começou a retirar as bagagens do Passat, contando com a colaboração da sua querida sogra. Em um certo momento, a mãe de sua esposa pegou na sua preciosa pasta, todavia nosso colega pediu para ela retirar as coisas mais pesadas. Porém, ela sem saber do que possuía naquela abençoada maleta a encostou perto do portão da sua morada.
Bagagens retiradas, as quais foram levadas para dentro da casa. Veio grande almoço familiar em grande harmonia, brindes, risadas, com quase toda família presente.
Lá para 13:40, quase três horas depois de sua chegada, Ribeiro fora despertado pelos gritos de um menino, vizinho de sua sogra, de nome Léo, o qual o chamava, carinhosamente de Manga (apelido herdado do goleiro Manga do Botafogo e da seleção Brasileira), que quase aos gritos de: Manga, Manga, Manga! Ao ouvir os gritos do menino todos saíram para porta da casa para saber o que estava acontecendo! Léo, o menino, desesperado, contou que em frente ao portão estava uma pasta preta e que ele já tinha espantado um malandro do local que estava querendo levá-la.
Ribeirinho empalideceu, suas pernas travaram, não se moveu do lugar, pois nem ele nem a sogra se atentaram para a mala, a qual permaneceu por quase três horas em frente ao portão da casa, em uma rua de grande movimento.
Registre-se que a pasta estava intacta com todo dinheiro arrecadado e com os autos de infrações para serem registrados.
Acredito que nosso colega tinha uma boa afinidade com a sogra, pois não sei que atitude ele teria tomado se o desfecho tivesse sido outro, porém, Jesus Cristo, no dia consagrado à sua morte, abençoou aquela família e cegou todos os transeuntes que passaram naquela Rua, durante a permanecia daquela maleta junto ao portão em um local de bastante movimento de pedestres e carros.
Na segunda-feira, conforme prometido, nosso querido Ribeirinho foi ao banco fazer o seu depósito e os dos colegas, seguindo depois para a DFMT, na qual registrou todos os autos lavrados pelo ouditor, durante os plantões.
Causo verídico, contado por ele, em rodas de amigos, para descontrair o ambiente. Essa e outras histórias fazem parte de nosso folclore fazendário.
Naturalmente que pedi permissão a ele para fazer esse relato.
(*) Auditor Fiscal, Supervisor do ITCMD.
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