23/05/2023

Nosso Bairro de Ondina

 

 

 

 

 

Lídio Teles (*)

Nossa crônica semanal de hoje versa sobre nosso Bairro de Ondina. Falarei sobre ele,  vendo onde começa e onde termina, dos outros bairros da cidade com os quais se limita, o que há de mais importante e digno de nota no mesmo, quem foi o Professor Sabino Silva que deu nome ao logradouro homônimo, e especialmente,  sobre a bela revitalização pela qual passou recentemente esta nobre área da cidade.

Muito bem, o bairro de Ondina começa no início do terreno do clube Espanhol, logo após a subida do Morro do Cristo. Ali faz divisa com o bairro da Barra, que por sua vez nasce no topo da ladeira do mesmo nome, e se estende até a subida do Morro do Gato, onde começa o Largo de Ondina, e é separado do seu vizinho  pela Avenida Oceânica.

A linha imaginária que delimita Ondina e Barra, na altura da Prefeitura da Aeronáutica atravessa a Avenida Oceânica, as duas pistas da Rua Professor Sabino Silva (mão e contramão) até alcançar o muro do Edifício Manoel Pontes Tanajura, única área em que Ondina e Jardim Apipema se encostam. O edifício já fica no Jardim Apipema.

Seguindo no sentido aeroporto, a linha divisória de Ondina tangencia todo o passeio do edifício, atravessa o início da Rua Nova do Calabar, que separa o bairro de Alto das Pombas do bairro de Jardim Apipema, até a Avenida Centenário (dentro do qual, Alto das Pombas, fica a "Comunidade" do Calabar).

Voltando ao bairro de Ondina e continuando pela Avenida Oceânica no sentido aeroporto, nossa linha divisória cruza o canteiro central de menos de 3 metros entre a Rua Nova do Calabar e a Rua José Mirabeu Sampaio, alcança esta, que sobe a ladeira separando Ondina do bairro de Alto das Pombas até o topo da mesma.  Em seguida começa o chamado Campus da UFBA da Federação, e a linha divisória segue separando Ondina da Federação, passa pelas Escolas de Filosofia e de Letras da UFBA, pelo Campus Universitário de Ondina, também da UFBA, pela localidade conhecida por São Lázaro (Avenida São Lázaro) dentro do bairro da Federação, e a partir do início da Avenida São Lázaro, Ondina segue sendo separada da Federação pela Rua Caetano Moura até alcançar o "Viaduto da Federação" no início da Avenida Cardeal da Silva.

Dali em diante a linha divisória segue a Avenida Garibaldi até o sopé do Morro do Zoológico onde fica o conhecido "Alto de Ondina", residência oficial do governo do estado. Neste ponto dobra à direita, sai tangenciando a "Comunidade de Vila Matos", que já pertence ao bairro do Rio Vermelho, engloba o edifício "Ondina Ocean", que ainda fica em Ondina, continua pela Avenida Oceânica no sentido Barra por  cerca de 100 metros, quando então atravessa a mesma chegando ao sopé do Morro da Paciência, onde finalmente alcança o "Mar de Ondina", fechando assim seu polígono divisório irregular, por terra. Pelos lados Sul, Sudoeste e Oeste, Ondina limita-se com o Oceano Atlântico.

Ondina, além de abrigar boa parte do novo circuito do carnaval da cidade, conhecido pelo nome de "Circuito Dodô e Osmar", possui também vários hotéis de elevada categoria da capital baiana, e é nele que se encontram elementos dos mais dignos de nota da cidade, como:  "As brasileirinhas, ou, As Meninas do Brasil", Mariana, Damiana e Catarina, representando o europeu, o americano e o indígena, conhecidas carinhosamente pelas Gordinhas de Eliana Kertész, além  de se encontrar em seu território, o jardim zoológico do estado com muitos animais de 4 continentes, como:  elefante, camelo, girafa, urso, tigre de bengala, leão, onça pintada, primatas, cobras, répteis, aves e árvores.

Em Ondina está localizada igualmente a principal estação meteorológica automática da cidade, elevando o bairro, por tudo isso e por sua beleza ímpar, à categoria de o mais charmoso e importante da capital baiana!

Uma vez devidamente delimitado o território de Ondina, vamos saber, então,  quem foi o ilustríssimo personagem que deu nome à nossa bela e famosa Rua Professor Sabino Silva:

Sabino Alves da Silva, nasceu de família humilde em Bonfim de Feira, no município de Feira de Santana, em 11 de julho de 1892. Seu primeiro emprego foi o de caixeiro de uma casa comercial em Cachoeira, terminando de ser criado pelo pai de um seu colega amigo. Posteriormente transferiu-se para Salvador, onde terminou seus estudos intermediários, quando então se matriculou na Faculdade de Medicina da Bahia, diplomando-se em Odontologia e, em seguida, em Medicina, ato contínuo colou grau de doutor em Medicina, defendendo a tese “O fígado tuberculoso e o fígado dos tuberculosos”. Dentre seus colegas de turma, destacam-se:  Eutrópio dos Santos Reis, Francisco Peixoto de Magalhães Neto e Luiz Regis Pacheco Pereira.

Sabino Silva foi Professor catedrático de Fisiologia, e dentre outras coisas inovou o ensino prático da Clínica Médica do seu tempo dando autonomia aos assistentes que deixaram de ser “preparadores” das aulas, para terem participação viva no curso.

Fez instalar aparelho de Raios X autônomo e o primeiro eletrocardiógrafo, no Hospital Santa Izabel.

Era poeta, sem ter publicado nenhum dos seus poemas. A única exceção é o que foi colocado em seu túmulo, cuja primeira estrofe aqui transcrevemos:

“Feliz é o que semeia o bem no seu caminho

Aprofundando a vida a modular um canto;

E para ante uma  flor, um berço, uma ave, um ninho,

Sem saber porque chora a dor de alheio pranto” (...).

Faleceu em 10 de outubro de 1946 com 54 anos de idade, enquanto preparava uma de suas aulas em seu gabinete.

Falemos agora portanto, sobre nossa queridinha "Sabino Silva" como a chamamos, simplesmente.

Muitos acham ou pensam que esta rua se inicia no Largo das Gordinhas, e que seja a penúltima entrada à direita da atual Av. Milton Santos (antiga Ademar de Barros). Ledo engano! Aquela rua chama-se Osvaldo Ribeiro, mede apenas um pouco mais de 100 metros de comprimento e logo sai em  nossa conhecida Avenida Oceânica.

A Rua Professor Sabino Silva nasce junto com a Rua José Mirabeu Sampaio, de frente para a Prefeitura da Aeronáutica, do outro lado do Largo, logo após a agência do Itaú Personalité,  para quem vem da Garibaldi no sentido Barra. Ali a Avenida Oceânica faz suave curva à esquerda em direção à Barra, e a Sabino Silva segue reto separando o Jardim Apipema da Barra, a partir do fim do muro do Edif. MM Pontes Tanajura até topar verticalmente na Avenida Centenário na altura do Shopping Vitória Center, que antes pertencia ao bairro do Chame-Chame, que foi absorvido por Barra e Jardim Apipema.

Pois é. Nossa nova Sabino Silva após sua recente requalificação feita conjuntamente com a Avenida Milton Santos e o trecho da própria Avenida Oceânica no local, recebeu novos meios-fios, praças, largos, bicicletário, acostamentos devidamente aplainados e esquadrejados, serviços de drenagem e escoamento de água, canteiro central de toda a área gramado, replantado com plantas ornamentais ou nativas, e as já existentes, como pau-brasil, oitizeiros, cajazeiras, ipê, castanha do reino, jenipapeiros, dentre outras, devidamente podadas ou tratadas por paisagistas profissionais.

Recebeu, outrossim, caminhos para pedestres, coloridos, com sinuosas e suaves ladeirinhas de curvas artificiais com subidas e descidas, pequenos tablados  com  banquinhos de madeira, ou de cimento revestidos de madeira, para descanso ou bate-papo de idosos ou transeuntes em geral, cestinhas de madeira para colocar lixo evitando que em sua falta os passantes saiam largando pelo chão, assim como parquinho infantil com diversos equipamentos para brincadeiras da criançada, e até uma mini casinha de madeira no meio do percurso para quem quiser depositar ou ler livros diversos.

Em resumo, sobre os limites de Ondina:

É separada da Barra pela Avenida Oceânica;

Do Jardim Apipema, pela Rua Sabino Silva (apenas no Edifício Manoel Pontes onde se tocam);

Do "Alto das Pombas", pela Rua José Mirabeu Sampaio;

Apenas da Federação, pela Rua Caetano Moura, a partir da entrada da Avenida São Lázaro, até o Viaduto da Federação, e Avenida Anita Garibaldi;

E do bairro do Rio Vermelho, por uma linha imaginária que parte da Avenida Garibaldi no sopé do Morro de Ondina, segue tangenciando a comunidade  Vila Mato, que já pertence ao Rio Vermelho, continua na Avenida Oceânica no sentido Barra por cerca de 100 metros, atravessa a pista termina no "Mar de Ondina";

Pelos lados sul, sudoeste e oeste, com o  Oceano Atlântico.

Palmas para nossos Prefeitos do passado recente, e especialmente ao atual e à sua equipe, por este belo serviço ofertado à cidade que por mais de 200 anos foi a primeira capital do Brasil, e que transformou este seu logradouro no mais charmoso cartão postal da mesma. Atualmente, com certeza, Salvador está voltando aos poucos a ocupar seu lugar no Panteon das capitais brasileiras.

(*) Auditor Fiscal aposentado do Estado da Bahia

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