19/08/2025

Estado das rodovias federais dificulta o progresso na Bahia

Josias Menezes Neto(*)

A duplicação e conservação das rodovias são obras fundamentais para a segurança e o desenvolvimento do espaço territorial. Ao lado das ferrovias, essas estradas facilitam o transporte de pessoas e mercadorias para consumo da população, o escoamento de insumos e produtos no mercado interno, além dos excedentes destinados à exportação.  No Brasil, os Estados do Sudeste e do Sul concentram cerca de 70% das rodovias federais duplicadas. O Nordeste conta com menos de 10% dessa privilegiada infraestrutura.

A malha rodoviária federal na Bahia é a maior administrada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no país, com cerca de 6.720 km, distribuídos nas BR-116, BR-020, BR-030, BR-330, BR-242, BR-135, BR-101, BR-324 e BR-407 segundo a Agência Gov e o Portal da Câmara dos Deputados. Desse total, pouco mais de 200 km encontram-se duplicados, metade dos quais (BR-324) em situação calamitosa. As cidades de Feira de Santana e Alagoinhas carecem de anel viário para amenizar o intenso tráfego de veículos e transporte de cargas em pistas de má conservação.

Na cidade de Salvador, ilhada pelas más condições de trafegabilidade da BR-324 – único acesso de grande porte para a capital do Estado da Bahia, os motoristas passam por frequentes congestionamentos de até 6 horas para percorrer pouco mais de cem quilômetros até Feira de Santana. Em pesquisas no site do Ministério dos Transportes, nos últimos cinco anos há pouca citação a investimentos na malha rodoviária da Bahia. Quanto a ferrovias há visível abandono da Ferrovia Centro-Atlântica no trecho que corta o Estado e a Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL), onde persiste estado de paralização das obras.

Essas situações não contribuem para alavancar o progresso de um Estado rico em potencialidades de produção e serviços, notadamente na agricultura, na indústria e no turismo, mas com visível estagnação no seu desenvolvimento econômico e social.

No Censo Demográfico de 2022, enquanto os Estados de Santa Catarina, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná apresentavam migração positiva, a Bahia tinha a maior perda de população natural do estado por migração de saída. Naquele ano, 3.381.107 pessoas nascidas na Bahia moravam em outras unidades da Federação, enquanto 961.896 pessoas nascidas em outras unidades da Federação moravam na Bahia. Essa migração inversa traz uma triste constatação: o cidadão natural da Bahia vem buscando em outras Unidades da Federação, as oportunidades de progresso pessoal que não tem encontrado no seu estado de origem.

Então, é hora de nossas lideranças políticas e empresariais brigarem mais pela solução dos problemas que travam o desenvolvimento do nosso Estado. Há carência no planejamento e na execução de empreendimentos exequíveis, na busca de recursos destinados à infraestrutura de mobilidade, no escoamento da produção e na distribuição de energia renovável. Importante a atração de novos empreendedores e fomento à produção, visando um cenário de progresso, onde nossos pares encontrem no próprio Estado, as suas oportunidades de crescimento.

(*) Diretor de Assuntos Fiscais e Tributários do IAF Sindical

compartilhar notícia

Comentários

Gostaria de dar sua opinião sobre o assunto? Preencha os campos abaixo e participe da discussão