25/07/2025

Reflexos do tarifaço americano na economia baiana

Ao impor uma tarifa de 50% para as exportações brasileiras a partir de agosto de 2025, o governo Trump gerou grave inquietação em nosso meio produtivo. No pressuposto de proteger a maior economia do planeta e transferir a culpa por crescentes déficits em sua balança comercial, essa tarifação elevada gerou sobressaltos nas relações internacionais. “As explicações econômicas para esse tarifaço não são justificáveis, pois nos últimos anos os Estados Unidos da América mantêm expressivo superávit nas relações comerciais com o Brasil. Esse impasse pede reflexão e boa negociação”, disse Josias Menezes, Diretor de Estudos Econômicos e Financeiros do Instituto dos Auditores Fiscais do Estado da Bahia – IAF Sindical.

O comércio internacional é caracterizado pelas relações bilaterais e multilaterais, onde cada país se vale das suas vantagens comparativas para venda de seus excedentes de produção e adquire insumos e bens que não consegue produzir a baixo custo, ou por questão climática. Ainda permite o controle inflacionário nas economias regionais, via importação de mercadorias cuja produção não atenda suas demandas, ainda que sazonalmente. Ao final, os produtores maximizam seus ganhos e os consumidores se beneficiam do acesso a amplo portfólio de bens e serviços a preços competitivos.

Na economia baiana, químicos e petroquímicos, petróleo, papel e celulose, pneus, têxteis, cacau, frutas e metalúrgicos, representam cerca de 90% de nossas vendas para os EUA – total de US$ 882 milhões em 2024, e estão sujeitas a sofrerem impacto da ordem de US$ 643,5 milhões em suas exportações, segundo estimativas da SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais do Estado. Os reflexos negativos dessa tarifação atingem sobretudo a indústria petroquímica, pneus, papel e celulose. Os setores de pescados e frutas já sofrem impactos em suas atividades porque são produtos perecíveis e de difícil realocação em outros mercados no curto prazo.

O Estado Brasileiro, mediante aprovação da Lei de Reciprocidade nº 15.122/25, estabeleceu critérios para suspensão de concessões comerciais. Sua aplicabilidade poderá ter efeitos negativos ao taxar insumos cruciais ao nosso processo industrial.  O Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, vêm promovendo tratativas juntamente com entidades empresariais, visando reduzir impactos nas atividades voltadas ao mercado externo. Pela importância do mercado norte americano, terceiro maior parceiro comercial (8%), é fundamental fortalecer nossas empresas e garantir bom nível de empregabilidade.

As múltiplas soluções em andamento, passam por:

- Plena negociação, buscando minorar sequelas da tarifação em ambas as economias;

- Intensa mobilização das cadeias produtivas e comerciais, nacionais e americanas Federações Industriais, do Instituto Brasileiro de Mineração e outras entidades, a se juntarem ao MDIC em ações convincentes em prol do comércio bilateral, evitando prejuízos às empresas e inflação ao consumidor;

- Busca de mercados alternativos para destino de nossas exportações, embora não surta resultados no curto prazo. Contudo, o objetivo fundamental será maximizar nossas trocas e garantir relações comerciais perenes e equilibradas, reduzindo dependência dos atores que ora concentram maiores fatias de nossas exportações.

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