Menino sonha demais?
Lidio Teles (*)
Notícias e imagens de um "voar" de menino no passado, em testemunho ocular do presente ("in loco") da cidade australiana de Cairns: pequena mostra descritiva e fidedigna de parte deste mundo encantado onde estamos a residir temporariamente.
Cairns é uma cidade australiana do estado de Queensland, localizada a cerca de 1.720 km a norte de Brisbane e a 2.500 km a norte de Sydney. Sua população era de 150.920 habitantes em 2010, conforme censo daquele ano, último levantamento disponível. A cidade é localizada em uma grande planície costeira de mais de mil quilômetros quadrados, e cercada de montanha numa meia banda de círculo cujas extremidades, norte e sul, respectivamente, começam e terminam no mar.
Após ter nascido e me criado na pequena e precária região rural de Rio do Braço, interior de Valença; de ser alfabetizado aos onze anos de idade pelo pai velho, professor Martins Teles, cuja graduação era o Curso Primário incompleto, hoje aqui me encontro pela segunda vez, no mundo australiano; de passagem, é verdade, mas, conforme logística da família, para a estadia de um ano. A 1ª fora de apenas três breves meses, mas, que se estendeu pela bela e encantadora Nova Zelândia: coisa melhor não poderia haver...
Daqui mando hoje notícias minhas não via Intelsat como fazia o poeta Paulo Diniz para o Pasquin, porém, via e-mail ou WhatsApp, condizente com os tempos hodiernos. Ainda não tive a oportunidade de ver os possíveis gigantescos crocodilos que alguns os chamam de crocodilos marinhos, mas que, na realidade, são répteis como os jacarés, que passam a maior parte do tempo ou da vida dentro de rios e lagoas. A localidade desta cidade de Cairns não é especificamente um habitat natural desses animais, mas como têm vários rios na redondeza, os crocodilos migrando de um deles para outros acabam se valendo do oceano apenas como via de acesso aos mananciais fluviais da região. Breve faremos uma visita a um seu habit natural, quando então falarei do que puder observar sobre os mesmos. A título de curiosidade, informo que meu almoço ao aqui chegar foi um suculento prato típico e emblemático australiano com algumas das iguarias nacionais, como canguru, crocodilo, juntamente com uma porção do peixe barramundi, também natural do norte do país e de oceanos boreais.
Por enquanto, o que tenho, a rigor não chega a se constituir novidades, uma vez que praticamente todo mundo sabe que na Austrália vivem manadas de cangurus, halamus, coalas, matilhas de dingos, uma espécie de cães amarelos e iguais aos lobos. Há quem diga que os mesmos não são nativos do território, mas que foram introduzidos aqui há milhares de anos, por povos asiáticos. Outros, no entanto, referem que tais animais teriam sido domesticados antigamente e depois abandonados, tendo se tornado selvagens novamente. A espécie pode ser encontrada em matilhas vagando por algumas praias desertas ou áreas desabitadas, longe daqui, e são exímios predadores: caçam em grupos, especialmente gados dos fazendeiros e cangurus, e eventualmente podem atacar mesmos os humanos, principalmente nas ditas praias desertas. O animal é um cão de médio porte, pesando entre nove e vinte quilos, mas existe relato de alguém já ter encontrado um macho adulto que chegou a pesar cinquenta e cinco quilos. É, portanto, o maior e mais temido predador do continente. O país é também o habitat natural ou talvez único do famoso e venenoso ornitorrinco. Local de florestas originais exuberantes, repletas de aves exóticas e coloridas, como cacatuas, que são uma espécie de papagaio de crista/pimpão; periquitos de diversas espécies; terra de vastas distâncias, de muitos passeios, de grandes caminhos e de longas jornadas, como diria o poeta. Enfim, dou-lhes notícias de coisas de um mundo diferente; de ares, paisagens e cultura do viver na nossa metade oposta do globo; de um continente inteiro de primeiro mundo em todos os aspectos; de povo sério, educado e organizado. Como exemplo, aqui não apenas veículos têm mão e contramão, transeuntes também as têm; até nos interiores de supermercado, shoppings e escadas rolantes observam-se mão e contramão.
Oh, Austrália dos meus sonhos juvenis de quando estudava "Geografia dos Continentes" dos historiadores Manuel C. de Andrade e Hilton Sette, com suas lindas gravuras, belas paisagens que só perdem em belezas naturais pro meu Brasil! Quanto tive eu vontade quando criança de ter nascido num mundo como tu! Ainda bem que já deu para, pelo menos um pouco, te conhecer, e, quem sabe após esta, ainda poderei efetivar outras esporádicas visitas ao teu território, extensivas a outros vizinhos neste belo e fascinante outro lado do mundo, incluindo Nova Zelândia e Tasmânia, com suas particularidades, especialmente suas faunas características como as já descritas da própria Austrália, o kiwi da Nova Zelândia, e o Diabo da Tasmânia, onde o céu está sempre azul, o mar sempre verde, as florestas ao vento balançante com rangir de galhos, sinfonias de pássaros, tilintar de grilos, cantos de cigarras, com direito a revoada de milhares de periquitos entre as dezenas de jardins, parques e reservas florestais repletos de árvores gigantes no centro da cidade e adjacências, ao entardecer...
E, no propósito de não me alongar demais, sobretudo pela impropriedade do veículo de transmissão, por aqui vou ficando, entendendo que embora para muitos tudo isso seja pouco, sei igualmente que para alguns esse pouco é muito, já que pretendo passar o texto para leitores de horizontes diversos, e oportunidades de vir e constatar o relatado, quase nenhuma.
(*) Auditor Fiscal aposentado da Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia
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