IAF Sindical entrevista Altamirando Quintela Santos
Hoje, damos continuidade à nossa série de histórias que celebram trajetórias marcadas por dedicação, valores familiares e superação. Nesta edição, conhecemos a vida do associado aposentado Altamirando Quintela Santos, cuja caminhada começou em um pequeno distrito do interior da Bahia e seguiu por diferentes cidades, acompanhando as mudanças e desafios da carreira.
IAF Sindical: Conte-nos um pouco da sua história. Onde você nasceu?
Altamirando: Nasci em 12 de junho de 1954, no distrito de Morrinhos, em Poções/BA.
Sou filho de Arquibaldo, funcionário público federal, que trabalhava no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) e de Joselita que cuidava do lar, como era comum na época. Sou o segundo de cinco filhos, quatro homens e uma mulher, restam quatro vivos e um falecido, que é o saudoso Aécio, que também foi Auditor Fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia. Eu ainda era bebê, quando o meu pai foi transferido para Salvador, local em que permanecemos residindo até 1965, quando meu pai foi novamente transferido para Feira de Santana/BA.
Embora meu pai tenha estudado apenas o curso primário, ele sempre enfatizou o valor dos estudos, e nos dizia que entrou no serviço público pelas portas dos fundos, por indicação de um compadre. Falava que na nossa situação de pessoas humildes, somente alcançaríamos uma vida melhor, se nos dedicássemos aos estudos, considerando que o ingresso no serviço público e em grandes empresas somente seria possível através de concurso. Meus pais nos deram muito exemplo de honestidade, operosidade, caráter e respeito ao próximo.
Casei-me com Irene, numa união feliz que já dura 48 anos. Temos duas filhas, Aline e Larissa, a primeira Mestra em Medicina Veterinária e a segunda Médica. Tenho 4 netos, Carolina, Henrique, Rafael e Eduardo, que, juntamente com minhas filhas, são os maiores tesouros da minha vida.
IAF Sindical: Como foi a sua formação?
Altamirando: Iniciei os meus estudos em Salvador e concluí o curso primário em Feira de Santana, onde também cursei o ginasial e o curso de Técnico em Contabilidade, ambos no Colégio Estadual de Feira de Santana. Em 1977 fui aprovado no vestibular para o curso Superior de Bacharel em Ciências Contábeis na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), onde estudei até 1979, ocasião em que precisei trancar a matrícula, em razão de ter que me mudar para Salvador, para trabalhar na Petrobrás.
Em 1980 retomei aos estudos e me formei Bacharel em Ciências Contábeis pela Fundação Visconde de Cairu em 1982. Em 1999 conclui o curso de especialização em Direito Tributário Estadual pela Fundação Faculdade de Direito da Bahia, patrocinado pela Sefaz.
IAF Sindical: Como foi que você chegou ao cargo de Auditor Fiscal?
Altamirando: Comecei a trabalhar aos 13 anos como office boy no Hospital EMEC em Feira de Santana. Após concluir o curso de Técnico em Contabilidade em 1982, iniciei a carreira na área contábil. Trabalhei na Orion Indústria e Comércio Ltda., depois como Técnico em Contabilidade na Petrobrás e na Cia. Petroquímica Camaçari (CPC). Na CPC aproveitei as oportunidades oferecidas, absorvi muito conhecimento e experiência profissional, galguei diversas promoções e valorizações. Em 1993, após quase 14 anos de trabalho na CPC, aceitei o convite de um ex-colega para trabalhar em Salvador no Grupo Beiramar, me assegurando a mesma remuneração que eu tinha na CPC.
Ainda em 1993, realizei minha inscrição e fui aprovado para o Concurso para Auditor Fiscal da Secretaria da Fazenda, contudo a minha classificação não permitiu a imediata nomeação. Em 1996 tomei posse no cargo de Auditor Fiscal da Sefaz.
IAF Sindical: Quais a suas experiências no cargo de Auditor Fiscal?
Altamirando: Iniciei na Delegacia da Região Fiscal de Alagoinhas. Em decorrência de um grave problema de saúde, com internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), obtive a minha remoção para Salvador, onde fui trabalhar na Gerência de Tributação/Setor de Orientações Tributárias (GETRI/SEORT) na elaboração de Pareceres em consultas formais e, em seguida, com a criação do Plantão Fiscal, fui designado para atuar como Consultor tributário no Plantão Fiscal, local em que permaneci até a minha aposentadoria no final de junho de 2017.
No Plantão Fiscal, local em que permaneci por 21 anos, eu me sentia fortemente motivado para estudar e aprender cada vez mais. A natureza do trabalho, que consistia em tirar as dúvidas sobre os tributos estaduais, dos colegas da própria Sefaz, dos contadores, técnicos de contabilidade, advogados, empresários e demais trabalhadores da área fiscal. Esse conhecimento me capacitou para ministrar treinamentos na Sefaz e fora dela. Os contatos do plantão fiscal me permitiram muitas amizades com colegas e, também, externamente, com profissionais da área tributária.
IAF Sindical: Como foi a conciliação entre a vida de pai, esposo, avô e Auditor Fiscal? Enfrentou muitos desafios na múltipla jornada?
Altamirando: A felicidade que eu sentia ao realizar os trabalhos na Sefaz, no Plantão Fiscal, me proporcionaram a mais perfeita forma de conciliar a vida profissional com a vida familiar. Com o falecimento do meu querido irmão Aécio, passei a planejar a minha aposentadoria.
IAF Sindical: O que mais te orgulha no período que você passou na SEFAZ?
Altamirando: Sempre fui muito bem tratado na Sefaz, auxiliado e valorizado pelos colegas, desde a posse em Alagoinhas, e, principalmente, na época da minha remoção para Salvador por motivo de saúde, quando fui colhido carinhosamente pelos colegas e dirigentes.
IAF Sindical: Quando você se aposentou, como foi a adaptação à nova realidade?
Altamirando: Em 2010, após diagnóstico de câncer de próstata e posterior cirurgia, me sinto curado. Antes, eu pretendia me aposentar apenas compulsoriamente, mas após experimentar a sensação de entrar em uma sala de cirurgia para retirada de um câncer, sem saber se continuaria vivo, meus objetivos mudaram com relação à vida.
A partir daí, comecei a tirar as licenças prêmio, mas continuei me mantendo atualizado com relação à legislação tributária, além de ministrar treinamentos na área, com o objetivo de desenvolver essa atividade após estar aposentado. Em junho de 2017 foi publicada a portaria com a minha aposentadoria.
Não senti nenhuma mudança brusca na condição de aposentado, pois além de manter minha mente em atividade, os trabalhos de consultoria tributária e treinamentos asseguram um complemento de recursos, sendo que destino 50% da receita liquida para custear doações. O restante utilizo com viagens e outras opções de lazer. A única perda considerável que sinto na condição de aposentado, é a do relacionamento interpessoal com os agora, ex-colegas, o que sempre procuro minimizar com visitas na Sefaz e participação de eventos.
Um dos problemas que dificulta a decisão da aposentadoria é a redução dos proventos, o que no meu caso, foi neutralizada, pela isenção do imposto de renda, por ser portador de doença grave.
IAF Sindical: Como vivenciou o período da pandemia e como essa realidade impactou a sua vida?
Altamirando: De 2020 a 2022, no período da pandemia, foi muito difícil a adaptação, mas, contei com o apoio dos familiares e amigos e procurei me manter calmo, reforcei minha fé em Deus, tomei todos os cuidados recomendados pelos cientistas, me vacinei, usei máscaras, me isolei quando necessário, e graças a Deus não fui infectado. Mesmo as coisas ruins, nos trazem grandes lições, eu que já vinha tentando me transformar moralmente, focando mais no ser, do que no ter.
IAF Sindical: O que você gostaria de dizer que não foi perguntado?
Altamirando: Após a pandemia, tenho me esforçado cada vez mais, para a realização da reforma íntima, visando me tornar um homem de bem. Com a oficialização da Reforma Tributária, decidi continuar me atualizando apenas com relação ao ICMS que será extinto em 2033, pretendendo não trabalhar mais na área tributária a partir daquele ano. Recentemente tive o prazer de receber o convite de um colega para realizar um trabalho conjunto sobre a Reforma Tributária. Os estudos que venho realizando, estão me motivando bastante, renascendo a vontade de continuar atuando na área tributária, ministrando treinamento e realizando trabalhos de consultoria nas áreas do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).
Já completei 8 anos de aposentadoria. Mantenho uma rotina de atividades físicas, realizo exames médicos preventivos, participo de trabalhos remunerados e voluntários, integro um grupo de estudos de doutrina espírita, frequento aulas de dança de salão com minha esposa, estudo canto e, recentemente, iniciei o aprendizado de flauta.
Tenho muito orgulho em ter feito parte da excelente equipe da Secretaria da Fazenda, aonde fui muito feliz profissionalmente e pessoalmente, fiz amigos para a vida toda, tenho muita gratidão pelas ajudas que recebi, e ainda recebo dos colegas e dirigentes. Peço perdão por não citar nomes de todos aqueles que me ajudaram, porque foram muitos, e o espaço dedicado à entrevista não seria suficiente, além de ter receio de esquecer o nome de alguém.
(*) Auditor Fiscal Aposentado e associado ao IAF Sindical.
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