Gazeta Mercantil 22/4/2008
Mesmo cientes de que o governo poderá cortar o ponto de quem aderir à greve, 96,5% dos auditores da Receita Federal que participaram da assembléia nacional da categoria realizada na sexta-feira votaram pela manutenção da paralisação. O movimento já dura mais de um mês. Na noite do dia anterior, o ministro Napoleão Nunes Maia Filho, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), voltou atrás e suspendeu a liminar que concedera ao Sindicato Nacional dos Auditores da Receita Federal do Brasil (Unafisco Sindical). Assim, a Advocacia-Geral da União (AGU) conseguiu liberar o governo para punir os grevistas. Para justificar a medida, Maia Filho citou decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que já havia indeferido o pedido do sindicato. O Unafisco Sindical informou que recorrerá.
Na sexta-feira, os auditores rejeitaram a proposta feita pelo governo. Agendaram também para a manhã de quinta-feira um ato público em frente ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Em seguida, irão ao Congresso em busca do apoio de deputados e senadores.
A categoria quer um piso salarial de R$ 13,4 mil e um teto de R$ 19,7 mil, os mesmos vencimentos dos delegados da Polícia Federal. Hoje, um auditor fiscal ganha entre R$ 10 mil a R$ 13 mil. O salário máximo oferecido pelo Ministério do Planejamento e rejeitado pelos grevistas foi de R$ 19.250.
O acordo também não foi fechado por que a categoria não aceitou o calendário e as regras de promoção propostos pelo governo. Os auditores exigem que a nova tabela saia do papel até o fim do ano que vem. O Executivo pretende conceder o aumento em julho de 2010.
Em relação ao plano de carreira, o governo quer que só 30% dos funcionários sejam promovidos a cada 18 meses. O sindicato rechaça a proposta. Segundo o Unafisco Sindical, um servidor levaria 30 anos para atingir o topo da carreira. A Receita Federal tem cerca de 12.500 servidores ativos.
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