A hipótese foi levantada por Valmar Fonseca, da Receita Federal. Jacira
Fonseca morta em casa, a pauladas, realizava fiscalizações há 26 anos
Horas após o brutal assassinato da auditora Jacira Dulce da Silva Xavier Fonseca, 55 anos, executada a pauladas por homens não identificados, em casa, no bairro da Várzea, o delegado da Receita Federal, Valmar Fonseca, afirmou que o crime pode ter relação com a atividade que a profissional exercia há 26 anos.
A hipótese também está sendo avaliada pela polícia, de acordo com o gestor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, Joel Venâncio, que deverá convocar pessoas próximas a ela para depor nos próximos dias. Apesar disso, a tese de latrocínio não está descartada, já que os criminosos levaram o Honda Fit de Jacira. Até o início da noite de ontem, o veículo não havia sido localizado.
Segundo Valmar Fonseca, o trabalho desenvolvido pelos auditores fiscais possui um risco inerente, por envolver a fiscalização de verbas e gastos de empresas e instituições públicas. "O nosso dever é acompanhar e apontar possíveis irregularidades. Investigamos algumas destas entidades por vários anos e, às vezes, descobrimos casos de sonegação fiscal e gastos que não condizem com a realidade. Quando isso acontece, muitas pessoas acabam responsabilizadas. Sabemos que nossa vida está constantemente em perigo, mas não podemos deixar de realizar o nosso trabalho", ponderou.
O delegado acrescentou que devido a esse risco, os auditores possuem um manual com procedimentos de segurança para evitar surpresas. "Esse livreto descreve certas posturas que o nosso profissional deve ter para se proteger em casa, na rua, ou em qualquer lugar público, de situações que coloquem sua vida em perigo", comentou sem entrar em detalhes sobre o teor do texto.
O presidente do Unafisco Sindical, José Maria Miranda Luna, também demonstrou preocupação com o caso. "Corremos sempre o risco de contrariar alguém por causa de uma autuação ou pela descoberta de um crime tributário. Precisamos aperfeiçoar os métodos de segurança para proteger os auditores. Temos conhecimento de muitos casos de ameaça, de profissionais que já foram colocados em porta-malas de carros. Isso é inadmissível. Precisamos ter um respaldo maior da própria instituição", completou.
Acompanhados por dezenas de pessoas, o velório e enterro de Jacira ocorreram no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, Grande Recife, ontem à tarde. Familiares evitaram contato com a imprensa e preferiram não comentar o caso.
O último caso envolvendo o assassinato de um auditor no Estado, de acordo com o representante da Receita Federal, aconteceu em 2001. A vítima, Luiz Elias da Silva, com 54 anos na época, foi encontrada degolada, com as mãos e pés amarrados, e com várias perfurações pelo corpo, no apartamento em que vivia, na Avenida Marcos Freire, em Olinda.
Fonte: http://www.unafisco.org.br/publicar/principal/texto_noticias.php/ID=9242, reportagem do Jornal do Commercio – PE, de 21/08/2008
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