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Algumas reflexões

Dizem que política tem de ser tratada com frieza. Quanto mais frio e calculista o político, mais sucesso lhe reserva o futuro. Não vou bater boca com essa corrente de pensamento que é expressiva e conta com suas convicções. A democracia comporta desde as situações mais simples aos absurdos. No meu entender, porém, a política deve ser exercida tal qual o futebol: com profundas emoções, tristezas, alegrias, decepções, comemorações. Senão perde a graça. Diria que hoje vivemos na Bahia um cenário de indecisões e de revelações no campo político. A sucessão estadual, assunto que só deveria vir à baila ano que vem, já está nas ruas desde janeiro passado.

Se as eleições fossem hoje (ainda bem que só serão em 2010) teríamos definitivamente três concorrentes ao governo: Jaques Wagner, que quer a reeleição, o ex-governador Paulo Souto, que sente uma falta terrível do Palácio de Ondina, local por ele ocupado por oito anos intercalados, e o ministro Geddel Vieira Lima que quer mostrar ser craque naquilo ? o naquilo aqui é significado de tocar a administração pública. Dinheiro e poder são objeto de todo ser humano. As candidaturas, pois, estão postas. Cada um dos três nomes citados tende a seguir trajetória própria.

A união entre o PMDB e o PT é coisa do passado aparentemente. Souto seguirá lépido e solto, apostando nos erros dos adversários para, adiante, divulgar os seus acertos. Teremos, enfim, um jogo emocionante. Esqueçamos por enquanto o quadro nacional. Vamos nos ater sobre o que ocorre sob nossos olhos e narizes. Os olhos veem uma confusão dos diabos e ameaças sistemáticas de uma aproximação dos peemedebistas com os petistas até aqui mal resolvida e um desejo contido do PMDB de agarrar-se ao Democratas, desde quando sejam eles ? os peemedebistas- os donos do pedaço.

Democratas e PT fazem questão absoluta de manterem distância máxima um do outro. Isso é o que dizem nossos olhos. Já nossas narinas captam um odor estranho no ar. A sensação é a de que há um cheiro forte de algo já com data de validade vencida e, ao mesmo tempo, de elemento que pode renovar-se e alterar todo o cenário da política baiana. Há um fato que nos leva a uma previsão lógica: haverá segundo turno na Bahia. Wagner está longe de repetir o surpreendente desempenho de 2006. Ele sabe disso. Ele sabe dos riscos de uma reeleição. No mais, o exercício do poder, além de cansativo, é desgastante, embora por mais cansativo e desgastante que seja ninguém quer largar o osso.

Tanto é assim que quem está fora quer entrar e quem está dentro não quer sair de forma nenhuma. Hoje PMDB e PT, que eram irmãos siameses, se detestam, mas se toleram. Não conseguem resolver suas diferenças nem na mão grande. Já com o DEM, o PMDB sinaliza com a possibilidade de uma boa noitada. Uma não. Várias noitadas boas, desde quando suas aspirações políticas não sejam sufocadas.

Uma vez mantido esse bom relacionamento é óbvio que ambas as legendas estarão juntas no segundo turno na tentativa de derrotarem Wagner. O páreo será duro de doer. O governador terá de encarar Geddel, Souto e toda a sua turma, independentemente de ser o PMDB ou o DEM a sigla que ganhe o direito de ir para o segundo turno. Há ? em política tudo é possível ? inclusive a hipótese (improvável) de o PT perder a cadeira número um do funcionalismo público do Estado não indo ao segundo turno. Seria um desastre.

Deixemos, entretanto, que nossa mente entre em ebulição total e veja tal possibilidade como real. E aí o PT apoiaria Geddel ou Souto na segunda rodada eleitoral? Resposta: muito certamente nenhum dos dois. Para finalizar, há quem especule o retorno do entendimento político entre Wagner e Geddel. Os dois estariam, hoje, cumprindo um papel pré-estabelecido há alguns meses, mas na hora agá dar-se-ão os braços novamente. O meu íntimo não vê como viabilizar tal aproximação. E o seu íntimo o que diz?

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